MISE EN SCÈNE
por Jean-Claude Brisseau


Algo que acho muito infeliz no cinema recente é que a noção de mise en scène, tal como havia sido destacada pelo povo dos Cahiers du Cinéma, período amarelo, mas também pelos metteurs en scène, não é mais valorizada: veja a que ponto o fato de se filmar um décor desapareceu, a maior parte dos filmes são filmados assim (Brisseau mimetiza um close), assim, e é tudo! E acho que isso é triste, porque o fato de haver escalas de planos, o fato de haver planos abertos, o fato de se filmar um décor fornece toda uma série de informações, mas você também pode dar um valor emocional pelo décor e você pode remeter a problemas de classes sociais pelo décor. Tudo isso desapareceu. Eu repito: a mise en scène no sentido em que entendiam Hitchcock ou Raoul Walsh, isso desapareceu! Eu forço um pouco, mas apenas um pouco. E eu acho que é triste. Eu exagero deliberadamente para melhor me fazer entender!

(Publicado originalmente em francês no site Mediapart [em http://blogs.mediapart.fr/blog/quentin-mevel/060213/la-fille-de-nulle-part-de-jean-claude-brisseau-entretien-avec-le-cineaste] no dia 6 de fevereiro de 2013. Traduzido por Bruno Andrade)

 

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