I RAGAZZI DI CELLULOIDE
(I ragazzi di celluloide). 1980-1981. R.A.I. – Radiotelevisione Italiana (1º episódio: 62 minutos; 2º episódio: 60 minutos; 3º episódio: 82 minutos). Produção: Mario Gallo para a Filmalpha, Tullio Kezich para a R.A.I. – Radiotelevisione Italiana. Roteiro: Massimo Mida, Alberto Silvestri, Sergio Sollima. Fotografia: Marcello Masciocchi (Luciano Vittori). Música: Giorgio Gaslini. Cenografia: Francesco Bronzi. Montagem: Franco Letti. Elenco: Massimo Ranieri (Nicola), Alfredo Pea (Piero), Leo Gullotta (Leopoldo), Roberta Paladini (Teresa), Sherry Buchanan (Gabriella), Massimo De Rossi (Luca), Anna Maria Rizzoli (Marilde), William Berger (Nicodi), Pietro Biondi (Bucci), Lino Troisi (pai de Nicola), Gioietta Gentile (mãe de Nicola), Gabriella Giacometti (Giovanna, aprendiz de figurinista), Alviero Martini (aluno do Centro), Michele Soavi (aluno do Centro – 1º e 3º episódio), Vincenzo Crocitti (Giovanni Militello – 2º e 3º episódio), Vanessa Vitale (mãe de Giancarlo – 1º e 2º episódio), Bianca Doria (mãe de Piero – 1º e 2º episódio), Roberto Farris (filho do zelador – 1º e 2º episódio), Gianrico Tondinelli (Riccardo – 1º e 2º episódio), Valentina Sebastiani (trabalhadora – 1º e 2º episódio), Margherita Federico (trabalhadora – 1º e 2º episódio), Gianfranco Uta (aprendiz de operador – 1º e 2º episódio), Irina Sanpiter (Angela – 2º e 3º episódio), Cesare Nizzica (pai de Gabriella – 1º e 3º episódio), James Crompton (Phil – 1º e 3º episódio), Roberto Pesaola (Giancarlo – 1º episódio), Patrizia Tosti (garota – 1º episódio), Roberto Puddu (Renato – 1º episódio), Laura Franci (costureira – 1º episódio), Marcello Fusco (zelador do Centro – 1º episódio), Luciano Foti (garçom do “Caffè Greco” – 1º episódio), Franca Dominici (Teresa Corvieri – 1º episódio), Carlo Vinci (candidato da prova – 1º episódio), Isabel Amadeo (candidata da prova – 1º episódio), Teresa Rossi Passante (professora – 1º episódio), Nicola Grillo (candidato da prova – 1º episódio), Antonio Bonifacio (candidato da prova – 1º episódio), Vittorio Ripamonti (professor – 1º episódio), Lamberto Solfa (professor – 1º episódio), Filippo Perego (professor – 1º episódio), Michele Messina (rapaz siciliano – 1º episódio), Lanfranco Spinola (mordomo de Gabriella – 1º episódio), Louise Lambert (mãe de Gabriella – 1º episódio), Giuseppe Marroccu (garçom – 1º episódio), John Sligo (americano – 1º episódio), Giulio Massimini (soldado – 1º episódio), Alfredo Sabatini (soldado – 1º episódio), Vittorio Calò (soldado – 1º episódio), Paolo Sinatti (pintor – 2º episódio), Renato Terra (pintor – 2º episódio), Carlo Monni (Ezio Fiore – 2º episódio), Nello Palladino (convidado – 2º episódio), Lidia Mida Puccini (escritora – 2º episódio), Silverio Blasi (Alessandro Bestetti – 2º episódio), Francesco Anzalone (aluno do Centro – 2º episódio), Riccardo Barbera (aluno do Centro – 2º episódio), Franco Serra (aluno do Centro – 2º episódio), Walter Corda (aluno do Centro – 2º episódio), Claudia Vezzi (aluna do Centro – 2º episódio), Lidia Broccolini (aluna do Centro – 2º episódio), Fiorenza Micucci (aluna do Centro – 2º episódio), Laura Mercatali (aluna do Centro – 2º episódio), Domenico De Marchis (aluno do Centro – 2º episódio), Nello Tosto (aluno do Centro – 2º episódio), Andrea Azzarito (aluno do Centro – 2º episódio), Massimo Venturiello (aluno do Centro – 2º episódio), Silvia Innocenzi (aluna do Centro – 2º episódio), Loredana Mazzocchi (aluna do Centro – 2º episódio), Filippo De Gara (hierarca – 2º episódio), Angela Pintus (vizinha – 2º episódio), Amedeo Salamon (porteiro – 2º episódio), Massimo Ghini (oficial – 3º episódio), Giada Gerini (Marina – 3º episódio), Franco Arcuri (sacristão – 3º episódio), Luciano Zanussi (criado de Luca – 3º episódio), Giulia Salviati (Nora, aprendiz de maquiadora – 3º episódio), Luigi Azzeri (aprendiz de carabineiro – 3º episódio), Adriano Pace (aprendiz de carabineiro – 3º episódio), Ciro Vincenzi (aprendiz de porteiro – 3º episódio), Anna Valente (aluna vizinha – 3º episódio), Paola Petricca (aluna vizinha – 3º episódio), Enrico Lanzi (charuteiro – 3º episódio), Attilio D’Ottesio (primeiro convidado – 3º episódio).
I ragazzi di celluloide infelizmente é um filme não-comercializável na França em função de sua duração e do seu tema, que pressupõe espectadores cientes de vários aspectos da história da Itália (e da história do cinema). Hoje com 60 anos, o cineasta Sergio Sollima (mais conhecido pelos seus westerns do que pelos seus melhores filmes, como Cidade violenta) teve a ideia de “contar” sua juventude, ou seja, a história do Centro sperimentale de Roma às vésperas da guerra. O resultado é um filme apaixonante, concebido para a televisão, mas escapando dela pela sua “essência”: essa narrativa de uma adolescência que, pouco a pouco, acumula amizades, atravessa crises, é antes de tudo um hino ao cinema americano, referência mitológica pela qual os jovens buscam escapar de uma atmosfera sombria que os ultrapassa. O filme se torna um “percurso de aprendizagem”, e novas personagens surgem quando o herói e seu melhor amigo se inscrevem no Centro: os laços familiares se desfazem ou se refazem, a Itália fascista se precipita na absurdidade assassina... O cinema, em primeiro lugar, cobre tudo: em um episódio saboroso Mario Camerini[1], recebido no Centro, transforma in loco, no momento em que chega um ministro de camisa negra[2], o ensaio de um encontro amoroso banal no ensaio de um encontro amoroso repleto de “patriotismo”, sob os olhares zombeteiros e cúmplices dos jovens. Fazer filmes se torna para alguns, aqueles que “inventam” o neorrealismo, um pretexto para inúmeros compromissos... não muito graves. O grande discurso contra a guerra é colocado na boca do ex-aluno (inválido) que queria se tornar “ator”, e esse distanciamento aparente participa da amplitude progressiva do filme, que se encerra na escuridão de uma sala de projeção onde, revendo A grande ilusão (La grande illusion, Jean Renoir, 1937), e mais precisamente a cena d’A Marselhesa, o principal protagonista (Sollima faz com que nos interessemos no destino de cerca de dez ragazzi) recebe do seu professor antifascista um cigarro aceso. O adolescente se tornou adulto (sua amiga foi sequestrada pela polícia) e o Centro tal como foi irá “descobrir” outras potencialidades (sem cessar, contudo, de ser o crisol do cinema italiano). O sucesso do filme foi grande: Sollima trabalha para lhe dar uma continuação ou, antes, a “continuar” esta evocação que se encerra em 1941-1942. Podemos nos divertir colocando um nome em certo rosto, ou conhecendo a fonte de tal episódio histórico: o melhor mesmo é saudar todos os jovens atores de 1980, traduzindo com um ofício já consolidado a ingenuidade, os sonhos e o amadurecimento dos jovens cineastas de 1940. O futuro é aqui!
Notas:
[1] Mario Camerini, cineasta e personalidade importante na indústria cinematográfica italiana, precursor dos filmes do subgênero telefoni bianchi nos anos 1930 e 1940. [N.T.]
[2] O termo “camisas negras” se refere a um grupo paramilitar da Itália fascista, assim conhecido devido à cor do uniforme de seus membros. [N.T.]
(Positif n.º 252, março de 1982, p. 45. Traduzido por Bruno Andrade) |
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