MATEI JESSE JAMES
por Inácio Araujo
(I Shot Jesse James). 1949. Lippert
Productions (81 minutos). Produção: Carl K. Hittleman. Produção
executiva: Robert L. Lippert. Roteiro: Samuel Fuller, baseado em artigo de
Homer Croy. Fotografia: Ernest Miller (P/B). Música: Albert Glasser.
Cenografia: Frank Hotaling (a.d.), John McCarthy, James Redd (s.d.).
Montagem: Paul Landres. Elenco:
Preston Foster (John Kelley), Barbara Britton (Cynthy Waters), John Ireland
(Bob Ford), Reed Hadley (Jesse James), J. Edward Bromberg (Harry Kane),
Victor Kilian (Soapy), Tom Tyler (Frank James), Tommy Noonan (Charles Ford),
Eddie Dunn (Joe, barman do Silver King), Margia Dean (cantora do saloon), Byron Foulger (atendente
do Silver King), Jeni Le Gon (Veronica, camareira de Cynthy), Barbara
Woodell (sra. Zee James), Phillip Pine (homem no saloon), Robin Short (trovador).
Fuller agarra tema pelas entranhas
Dizer que Matei Jesse James é o primeiro filme
de Samuel Fuller não é dizer muito: todos começam de algum lugar. Mas o que
surpreende é a firmeza com que, desde os letreiros, formula um programa que
desenvolverá com coerência pela vida.
Comecemos
pelo protagonista: não Jesse James, o famoso bandido, mas Bob Ford, o amigo
que atirou nele pelas costas. Aí está Fuller abrindo caminho com o que se
tornaria um hábito: entrar pela porta dos fundos, apanhando seu assunto pelos
fundilhos, mostrando suas entranhas.
Ford é um
personagem trágico, na visão de Fuller, porque trai Jesse visando a
recompensa prometida e ainda uma sonhada anistia. Com as duas, poderá casar.
Desde então, o assassinato parece legitimar-se aos olhos de Bob. O objetivo
parece perdoá-lo. O futuro dirá que as coisas não são tão simples.
O cinema
de Fuller tem como apoio o de Fritz Lang. Para começar, não se toma em
momento nenhum por divertissement. Não visa seres com vida sossegada:
interessam-lhe as situações limite, os pontos de tensão altos.
Fuller
ainda não concebe seus filmes em planos longos e arrojados. Em compensação,
tira todo proveito do close-up. Por
vezes irregular, Matei... não é
impecável. É, ainda assim, imperdível.
(Folha de São Paulo, 21 de agosto de 2005)
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