DRAGÕES
DA VIOLÊNCIA por
João Bénard da Costa (Forty Guns). 1957. Fox (79 minutos).
Produção: Samuel Fuller para a Globe Enterprises. Roteiro: Samuel Fuller.
Fotografia: Joseph Biroc (CinemaScope, P/B). Música: Harry Sukman. Cenografia: John Mansbridge (a.d.),
Walter M. Scott, Chester L. Bayhi (s.d.). Montagem:
Gene Fowler Jr. Elenco: Barbara Stanwyck
(Jessica Drummond), Barry Sullivan (Griff Bonnell), Dean Jagger (xerife Ned Logan), John Ericson (Brockie
Drummond), Gene Barry (Wes Bonnell), Robert Dix
(Chico Bonnell), Jidge
Carroll (Barney Cashman), Paul Dubov
(juiz Macy), Gerald Milton (‘Shotgun’ Spanger, armeiro), Ziva Rodann (Rio), Hank Worden
(delegado John Chisum), Neyle Morrow (Wiley), Chuck Roberson (Howard Swain), Chuck
Hayward (Charlie Savage), Sandra Wirth (namorada de
Chico), Eve Brent (Louvenia Spanger). Não é de recordações nem de retornos que trata Forty Guns, filme de Samuel Fuller
nunca estreado em Portugal e que também teve primícias portuguesas neste
auditório tão grande, há vinte e cinco anos e não parece nada que foi ontem.
No final do filme - imenso cinemascope imensamente preto e branco - Barbara
Stanwyck diz a Eve Brent: “It’s very hard to forget the person we love, I
know. But you have this in your favour: youth”. Tenha ou não Fuller razão, seja ou não a juventude
uma ajuda ao esquecimento (Nicholas Ray ou Elia Kazan dir-nos-iam o
contrário) Forty Guns é um filme
construído em torno do envelhecimento: envelhecimento dos protagonistas,
envelhecimento do gênero. Fuller, que sempre foi de conter a respiração,
como quando muito se corre ou como quando muito se ama, não foi ao oeste para
respirar naqueles imensos espaços, sublinhados pelo scope. Foi para nos
comprimir num espaço que é um momento perdido nesse espaço. Cinema is
action. Impossível mostrá-lo mais que na
aceleração das seqüências do início, que mais parecem do fim de um filme do
que do principio de outro. Mas a explosão jamais se dá. Da mulher vestida de
negro, que vemos chefiar os quarenta cavaleiros logo nas primeiras imagens, à
mulher de branco do final houve um momento interminável, uma espécie de travelling de 77 minutos
(metaforicamente, claro) mas não houve progressão. Forty Guns já não é uma tragicomédia nem drama: é uma tragédia. |
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